Numa noite escura e sem vida eu vi uma criança
Nas mãos dessa criança estava nada mais nada menos que minha esperança
Minha esperança de ainda permanecer vivo nem que seja por apenas um minuto
Essa criança, com ternura nos olhos e raiva no coração, começou a apertar minha esperança
Tudo ao meu redor começou a morrer
Tudo que eu amei começou a desaparecer
Tudo que era importante para mim já não existia
Tentei chegar a pequena criança na qual eu via agora o ódio em seus olhos
Mas quanto mais eu corria mais essa criança se afastava
Quanto mais me esforçava para salvar minha vida, mais me perdia
A escuridão finalmente tomou minha vida
Tudo o que via à minha volta era a escuridão e o silêncio
Na escuridão não havia verdade
No silêncio não havia medo
Não sei por que, mesmo com tudo o que eu amava não estando lá
Me senti livre, me senti perfeita, completa
Mas nesse pequeno feixo de perfeição a criança me aparece
Ela já havia me tirado tudo, o que mais poderia me tirar?
E olhando em meus olhos retirou de mim minha perfeição
Eu me tornei vazia
A criança nunca mais sumiu de meus sonhos
E a cada sonho, uma lembrança ela me tomava
Minha mente ficou vazia depois de um tempo
Mas a criança não sumia de meus sonhos
Faltava me levar então para as sombras
Ali mesmo, deitada na escuridão, no silêncio
Ali mesmo na calma de meus pensamentos vazios,
morri
Após a morte finalmente a criança sumiu
Me senti perfeita novamente
Só na morte me senti bem eternamente
Só na morte eu fui perfeita por toda a eternidade!